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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Caso Kléber: todos são culpados

Kléber abusou nesta história toda, conduzindo muito mal o episódio

Hesitei por várias vezes em escrever um texto sobre tudo o que aconteceu envolvendo o atacante Kléber, a diretoria e a proposta que o Palmeiras recebeu pelo Gladiador do Flamengo. Rabisquei algumas linhas em diversas oportunidades para comentar o entrevero, mas nunca me senti totalmente a vontade para expressar minha opinião. Por isso, preferi ver como a história iria 'terminar' e procurei ler e ouvir o que as duas partes envolvidas tinham a dizer na mídia, para tentar não cometer nenhuma injustiça.

Primeiro, acho que o caso todo foi mal conduzido, tanto por parte de Kléber e de seu agente, Giuseppe Dioguardi, quanto por parte da diretoria. Eu estava no Canindé, na vitória de 5x0 frente ao Avaí, quando Kléber marcou dois gols (um deles um golaço) e onde Kléber deu a infeliz (ao meu ver) declaração sobre não ser valorizado pelo presidente do Palmeiras. Acompanhei a entrevista que ele deu no fim da partida pela rádio Estadão/ESPN e na hora pensei comigo "vai dar merda isso tudo". Não deu outra.

A atitude de Kléber foi infantil e mimada, uma vez que, no meu ponto de vista, não houve motivo nenhum para que ele se rebelasse desta maneira. O presidente do Palmeiras não disse nenhuma mentira, nenhum impropério ao afirmar que No Palmeiras ele já tinha seu espaço garantido, coisa que teria de buscar no Flamengo. O que tem de mais nisso?

O problema é que Kléber usou (e muito mal) essa declaração do Tirone para externar seu descontentamento com outra situação: estar ganhando menos do que outros atletas que não produzem como ele. Não há como negar que o Gladiador é um dos caras do time, que chama a responsabilidade muitas vezes. E ele estava muito bem, resolvendo alguns jogos. Receber um aumento por tudo aquilo que ele estava fazendo não seria nenhum absurdo. Mas hoje o Palmeiras não nada em dinheiro. Além disso, o jogador tem um contrato com o clube e tem de cumprí-lo. Se ele concordou com a quantia que receberia ao assinar o vínculo, não pode sair por aí cobrando um aumento por mais que ele mereça.

Torcida ainda gosta muito do Gladiador, mas ficará com um pé atrás em relação a ele

Da forma que a história foi conduzida, ficou a sensação de que o jogador estava forçando a sua saída, da mesma forma que aconteceu quando ele atuava pelo Cruzeiro. Ou seja, Kléber já tinha um histórico ruim nesse sentido, o que dá margem para pensarmos que ele estava fazendo a mesma coisa novamente, ainda
mais pelo surgimento da famosa contusão que ele teve. Sobre isso, não há muito o que opinar. Sei que a contusão era/é real. Mas ele também atuou machucado várias vezes. Acredito que, se não houvesse proposta e tudo o mais, ele teria feito o sétimo jogo sem problemas. Mas existia a possibilidade de sair e a lesão serviu como muleta no meu modo de entender.

Sem falar no lamentável episódio dos xingamentos contra o vice presidente Roberto Frizzo, algo pouco profissional. Certamente, se Kléber tivesse outra profissão e falasse tudo aquilo contra seu chefe, seria demitido por justa causa. Como no futebol existe muita complacência, nada aconteceu. Pelo contrário.

Sobre a proposta do Flamengo, ele é um profissional e se pintar algo que ele ache melhor para sua carreira, tem de ponderar, por mais que ele goste do local onde está trabalhando. Não o condeno por isso. Também não tenho dúvidas de que ele gosta do Palmeiras assim como a torcida gosta dele. Porém, é a profissão dele que está em jogo. É sua estabilidade financeira que lhe interessa mais. Todos sabemos que a 'vida útil' de um jogador é curta e que o dinheiro fala alto. Por mais que fiquemos ressentidos, com raiva, não há como evitar esse tipo de coisa. Somente Marcos e Rogério Ceni construiram suas grandes carreiras em apenas um time. E não acredito que veremos exemplos semelhantes.

No caso da diretoria, minha crítica é em relação a não terem tomado uma postura mais enérgica contra o jogador logo após as declarações no jogo contra o Avaí, evitando que a polêmica crescesse. Nossos dirigentes mostraram-se muito omissos durante todo o episódio. Falaram muito mas não agiram para abafar o caso. Por isso o episódio tomou essas proporções.

Vice presidente Roberto Frizzo também não ajudou muito na condução do caso

Casos como esse devem ser resolvidos internamente. Creio que falta um profissional que conheça o meio para solucionar esse tipo de problema. Por isso o Palmeiras é essa fábrica de confusões. Falta habilidade em nossos dirigentes, que ainda acham estar comandando, sei lá, um time de colônia. Parece que muita gente lá dentro ainda não sabe qual a proporção que assuntos como esse podem tomar no Palmeiras.

Kléber ficará no Palmeiras, isso já está definido. E o caso foi dado como encerrado. Mas até quando? Apesar de ainda ser querido por grande parte da torcida, comigo ele perdeu prestígio. Não tenho mais aquela confiança que tinha nele. E a diretoria, também não fez por merecer minha confiança. E acredito que boa parte da torcida tem a mesma sensação. Nessa história toda, não tem santos. Todos são culpados. Jogadores e dirigentes passam, mas o Palmeiras fica.

Fotos: Google Imagens

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