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terça-feira, 24 de abril de 2012

Os problemas alviverdes (Parte I)

Ontem prometi que faria um post tentando fazer uma analise mais profunda do atual momento do Palmeiras, eliminado pelo Guarani nas quartas de final do Campeonato Paulista e que passa a se concentrar nas oitavas de final da Copa do Brasil a partir de agora.

Não fiz esse texto antes por estar ainda de cabeça quente com o resultado obtido no último domingo. Agora, com um pouco mais de calma, acredito ser possível ter um raciocínio mais claro da situação. Para isso, dividirei o post em duas partes. Hoje, falo sobre a diretoria e a comissão técnica. Amanhã sobre os jogadores e outros setores, além de uma projeção do futuro alviverde. Vamos lá.

Diretoria


Começo de cima na cadeia hierárquica. E onde creio que temos mais problemas, justamente porque o ego de alguns faz com que o Palmeiras não evolua, não se desenvolva. As brigas políticas dentro do clube atrapalham demais e acabam, de uma forma ou de outra, respingando no futebol. Sempre que o clube parece bem, quando estamos vencendo, aparece uma briguinha aqui, uma discussãozinha ali, alguém tentando tumultuar o ambiente. De repente vem uma derrota e todos ficam loucos para plantar uma crise no Palestra. E nos últimos anos, sempre têm conseguido.

Isso se deve a falta de competência de quem dirige o clube para blindar esse tipo de situação e também a louca mania que muitos têm de ver seus adversários políticos em maus 
lençóis, mesmo que isso prejudique a própria instituição para quem eles 'torcem'. Essa perseguição incessante pelo poder acaba por nos prejudicar em demasia. O maior inimigo do Palmeiras está dentro do próprio Palmeiras. 

Quanto à parte administrativa, não é de hoje que as criticas são grandes. Aliás, essa tem sido uma constante no Verdão. Não há uma uma administração palmeirense que receba mais elogios do que criticas. Porém, elas são merecidas.

Todos os presidentes que assumiram o clube após o fim da parceria com a Parmalat pouco conseguiram conquistar. E não falo apenas de títulos. O Palmeiras é um clube que não revela jogadores, que é incapaz de fazer ações de marketing para trazer o torcedor para mais próximo do time, que não tem a capacidade de gerar receitas maiores, enfim, que não produz muitos ganhos patrimoniais para o clube. E tudo isso acaba refletindo naquela velha e conhecida desculpa de quase nunca ter dinheiro para investir na montagem de times melhores.

A única conquista nesse tempo foi a reforma do Palestra e sua transformação em uma Arena Multi-uso. Sim, esse é um bom projeto e que se for bem utilizado, poderá trazer lucros. Mas ainda assim é muito pouco para um time da grandeza do Palmeiras. Se houvesse mais competência dos administradores que lá estão e que por lá passaram, certamente a situação seria melhor.
Além disso, falta força nos bastidores, especialmente nessa administração, que se mostra muito omissa nesse assunto. Vemos isso, por exemplo, com a menor exposição que o Palmeiras terá na TV aberta neste Brasileirão. Ao que me consta, apenas três jogos serão televiosionados no primeiro turno. Isso em um segundo acordo, pois no primeiro constava apenas um, justamente um clássico contra o Corinthians. Como é que um clube da grandeza do Palmeiras pode se submeter a migalhas como essas? Como ficam os 15 milhões de torcedores? Como ficam nossos patrocinadores? Realmente é algo difícil de entender. Teremos menos jogos transmitidos do que o Santos. Aliás, tudo o que essa diretoria tem feito é complicado de se explicar.

Mudanças precisam ser feitas, isso é nítido. Falam muito em eleições diretas, o que acho um bom caminho, afinal, o torcedor passaria a eleger aqueles que lhes representariam. Torna tudo mais democrático e não restrito a pequenos grupos. Mas não vejo essa alternativa sendo colocada em prática num curto ou médio prazo.

Dessa forma, acho que o melhor caminho para melhorar nossa condição, nesse momento, seria adotar a profissionalização da diretoria. Colocar pessoas capacitadas para administrar o Verdão, que entendam o que estão fazendo, já seria um primeiro passo para a modernização do clube. É uma opção mais simples e viável  de ser colocada em prática, desde que o ego de alguns seja deixado de lado. Basta ter boa vontade.

Comissão técnica


Todo palmeirense é muito grato a Luiz Felipe Scolari, afinal, em sua primeira passagem ele foi extremamente vitorioso. Contudo, sua segunda passagem tem sido péssima o que vai causar uma pequena mancha em seu status perante ao torcedor.

Para mim, a analise sobre o atual trabalho do Felipão é simples: ele não evoluiu como técnico de futebol. Suas ideias em suma são retrogradas. Parece que ele vive ainda na década de 1990. Quase dois anos se passaram desde sua volta e ele, em poucos momentos conseguiu dar um padrão de jogo ao time. A única jogada realmente forte são as bolas paradas, que deveria ser a cereja do bolo e não o bolo todo. Como resultado disso, participações  pífias em vários torneios e vexames atrás de vexames. E não me venham com essa de que lhe faltam peças, pois em 1991 ele foi campeão da Copa do Brasil com o Criciúma e sem ter jogadores fora de série em Portugal foi vice campeão da Eurocopa e quarto na Copa de 2006.
Scolari sempre soube armar times competitivos e não acho que tenha desaprendido. No entanto, o que lhe falta hoje é atualizar seus conceitos quanto ao futebol atual. Já são dez anos sem títulos importantes, colecionando passagens frustrantes por Chelsea, por aquele time do Uzbesquistão e agora pelo Palmeiras.

Outro ponto é que ele já não parece ter mais o mesmo trato com os jogadores. Ele sempre foi conhecido como um excelente motivador, seus times eram considerados  'grandes famílias'. Entretanto, atualmente ele não parece ter mais aquela paciência para isso. Por aqui, já arrumou confusão com Valdívia, Pierre, Lincoln e Kleber, sendo que os três últimos já deixaram o Palmeiras, apesar de terem mais qualidade do que muitos que lá estão. É óbvio que ele não tem a culpa inteira nessas brigas. Alguns jogadores provocaram e por não terem o mesmo prestígio do treinador acabaram pagando o pato. No entanto, acho que ele teria contornado melhor a situação em outros tempos. Em muitos momentos Felipão me parece arrogante, soberbo, e isso, no meu ponto de vista, tem atrapalhado.

Felipão tem contrato até o fim do ano. A tendencia é que ele cumpra e vá embora, pois sua vontade é de participar da Copa de 2014. E agora, com o surgimento dessas especulações de que ele pode assumir a seleção brasileira em caso de novo fracasso de Mano Menezes nas Olimpíadas, essa possibilidade passa a ser ainda maior, uma vez que ele é o favorito do povo da CBF. Por isso, não duvidaria se esse vinculo fosse encerrado antes. E também não ficaria triste.

Não sei o que você acham. Comentem aí. Amanhã volto com a segunda parte do post.

Fotos: Portal IG

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